PMs e agricultor devem responder por 6 mortes em fazenda do Nortão

Junto à denúncia, o MPMT pediu que os acusados sejam condenados ao pagamento de indenização por dano material e moral sofrido pelas vítima

Foto: Divulgação

Três policiais militares e um agricultor foram denunciados pelo Ministério Público Mato Grosso e devem responder por envolvimento pela morte e o desaparecimento de seis pessoas, em abril do ano passado, no município de União do Sul (a 646km de Cuiabá).

Os policiais Evandro dos Santos, João Paulo Marçal de Assunção e Roberto Carlos Cesaro foram denunciados pela prática de homicídio qualificado por seis vezes, tentativa de homicídio qualificado por quatro vezes, ocultação de cadáver por seis vezes, cárcere privado e associação criminosa. Já o produtor rural Agenor Vicente Pelissa foi denunciado por fraude processual.   

Junto à denúncia, o MPMT pediu que os acusados sejam condenados ao pagamento de indenização por dano material e moral sofrido pelas vítimas, além de entrar em acordo de não persecução penal com o acusado Agenor Pelissa. Ele já conseguiu o benefício em 2019.

Pediu ainda que sejam impostas medidas cautelares pessoais a todos os acusados, como suspensão do exercício de função pública, com vistas a cessar a reiteração delitiva e garantir a ordem pública; e que os acusados sejam condenados à perda do cargo público.     

Conforme o MPMT, as vítimas Francisco Barbosa Miranda, Nicolas Jordani Rodrigues, Weberson Correa da Silva, Francisco Wanderson de Lima, Francisco Diego Costa Lima, Eriel Machado Pires, Willian Douglas Mendes e Bruno da Silva Oliveira, junto à testemunha Francisco de Assis Fernandes dos Reis Filho, se associaram e planejaram subtrair uma grande quantidade de soja, em abril de 2020.

O produto estava armazenado nos silos da Fazenda Promissão, localizada na zona rural do Município de União do Sul, de propriedade do acusado Agenor Vicente Pelissa.   

Segundo a denúncia, o acusado Francisco Miranda trabalhava na fazenda e possuía conhecimento para realizar o carregamento da soja nos caminhões, enquanto a testemunha Francisco Filho exercia a função de vigia e seria o responsável para informar a rotina na propriedade.

Francisco teria desistido e informado o patrão a respeito do crime planejado. Assim, Agenor Pelissa teria contratado o policial militar Evandro dos Santos, comandante do núcleo da Polícia Militar de Santa Carmem na época, para executar os crimes na Fazenda Promissão, que se associou aos outros dois policiais, João Paulo de Assunção e Roberto Carlos Cesaro.

Na data planejada do assalto, 18 de abril, os acusados foram até a Fazenda Promissão “fortemente armados” e renderam os funcionários Carlos Alberto da Silva Carvalho e Francisco Miranda.

Carlos Alberto foi obrigado a conduzir os acusados com um saco na cabeça até o escritório da fazenda, onde os denunciados retiraram os equipamentos que armazenavam as gravações das câmeras de segurança, com o objetivo de não serem identificados. Em seguida, ele foi amarrado e trancado em um quarto, sendo liberado somente no dia seguinte pelo patrão.

“A ocultação dos cadáveres fazia parte dos planos dos denunciados, pois, por se tratar de local ermo, situado em zona rural de vasta extensão territorial”

Já a vítima Francisco Miranda “foi levada para outro local da fazenda, sendo executada sem que pudesse esboçar qualquer reação”. Após o crime, os acusados localizaram um veículo a aproximadamente 5km da propriedade, que pertencia ao bando que planejou o assalto.

Eles então renderam e executaram as vítimas Paulo Gustavo Lopes e Arcelino de Oliveira. Depois, permaneceram no local aguardando a chegada das demais vítimas. Nicolas Rodrigues, Weberson da Silva e Francisco de Lima foram os primeiros a chegar e atingidos por disparos de arma de fogo, de variados calibres, efetuados pelos militares mediante emboscada.   

Francisco Lima, Eriel Pires, Willian Douglas Mendes e Bruno Oliveira vinham logo atrás e, ao escutarem os barulhos dos disparos, fugiram. Após os crimes, os acusados esconderam os corpos das vítimas.

“A ocultação dos cadáveres fazia parte dos planos dos denunciados, pois, por se tratar de local ermo, situado em zona rural de vasta extensão territorial, estavam seguros de que os cadáveres jamais seriam encontrados”, narra a denúncia.

Por fim, o proprietário da área solicitou que a Polícia Militar de União do Sul limpasse a cena do crime, “de modo a induzir em erro o juiz e perito em futuro processo penal”. Assinam a denúncia dos promotores de Justiça Eduardo Antônio Ferreira Zaque, Andreia Monte A. Bezerra de Menezes, Fabison Miranda Cardoso e Luiz Fernando Rossi Pipino.

Fonte: RD News

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