Escritório da Associação de mulheres indígenas é atacado em Jacareacanga, no PA
Segundo o MPF, garimpeiros ilegais e representantes de uma minoria indígena colocaram fogo em documentos e destruíram móveis no local
Um grupo de dezenas de pessoas atacou, nesta quinta-feira (25), a sede da Associação das Mulheres Munduruku Wakoborũn, situada na cidade de Jacareacanga, no sudoeste do Pará. Segundo o Ministério Público Federal, os autores da depredação foram garimpeiros ilegais e representantes de uma minoria indígena aliciada pelos criminosos.
Os suspeitos destruíram a fachada e móveis do prédio, e colocaram fogo em documentos e outros materiais da associação, segundo indígenas relataram ao MPF, que abriu apuração sobre o caso.
Segundo relatos de indígenas, a violência ocorreu logo após um protesto chamado por garimpeiros, que fizeram ainda ameaças de morte às mulheres que se opõem a essa atividade econômica. O escritório da associação ficou inutilizável. Não há relatos de feridos ou mortos. “Estamos gritando há dias, pedindo para que as forças policiais ajam sobre esse grupo de criminosos que querem devastar nosso território e que ameaçam a nossa própria vida e integridade”, diz o comunicado da Associação das Mulheres Munduruku.
Em nota, a Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que “acompanha a situação de conflito no território do povo indígena Munduruku, em Jacareacanga”, e que “aguarda a chegada das forças de segurança conforme comando do Ministério Público Federal (MPF) para atuação mais efetiva”.
A Funai informou ainda que a situação de garimpo nas Terras Indígenas Munduruku e Sai-Cinza tem sido acompanhada no âmbito de Ação Civil Pública que tramita na Vara Federal Civil e Criminal de Itaituba.
Tensão
De acordo com o MPF, desde o último dia 14 a tensão causada pela invasão garimpeira já vinha aumentando, com a chegada de grande número de pás carregadeiras para exploração de minério na região do igarapé Baunilha, próxima a uma das principais bacias que garantem a vida Munduruku. Helicóptero filmado na área é suspeito de dar escolta aos criminosos.
Na semana passada, o MPF reiterou pedido feito em 2020 à Justiça Federal para que forças federais sejam obrigadas a atuar com urgência para impedir ataque violento dos garimpeiros ilegais aos indígenas. Desde 2017 oMPF vem alertando as autoridades sobre o aumento da invasão garimpeira ao território Munduruku, mas até agora não há combate contínuo ao crime.
Em agosto de 2020, foi iniciada uma ação de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), que foi interrompida após visita do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da intervenção do Ministério da Defesa. As circunstâncias da interrupção incluíram suspeitas de vazamento de informações sigilosas e transporte de garimpeiros em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) e estão sendo investigadas em dois inquéritos do MPF.
Na última segunda-feira (22), o MPF abriu apuração sobre a ocorrência de improbidade administrativa por parte de autoridades responsáveis por evitar a invasão garimpeira. Na mesma data foi aberta pelo MPF apuração para verificação da ocorrência de dano coletivo aos indígenas porque os criminosos falsificam os registros de resultados para dar a aparência que a mineração ocorreu em lavras legalizadas fora de áreas indígenas, e as compensações financeiras aos municípios são calculadas com base nessas informações falsas.
Em nota, a Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que “acompanha a situação de conflito no território do povo indígena Munduruku, em Jacareacanga”, e que “aguarda a chegada das forças de segurança conforme comando do Ministério Público Federal (MPF) para atuação mais efetiva”.
A Funai informou ainda que a situação de garimpo nas Terras Indígenas Munduruku tem sido acompanhada no âmbito de Ação Civil Pública que tramita na Vara Federal Civil e Criminal de Itaituba.
Fonte: G1 Pará