Relatório cita grupos de WhatsApp no governo de MT para tentar abafar escândalo dos grampos e prejudicar investigações
Em um dos grupos, chamado ‘Sem Arapongagem’, os membros trocam mensagens a respeito das investigações contra secretários nos grampos e comentam as notícias divulgadas à época.
O relatório de análise preliminar no celular do ex-secretário de Segurança Pública do estado, Rogers Jarbas, apontou a existência de dois grupos de membros do governo no WhatsApp, em 2017, onde se era comentado e articulado ações a respeito dos grampos em Mato Grosso, caso que veio à tona naquele ano.
Um dos grupos era para tentar abafar ou manipular o caso na imprensa e outro para prejudicar investigação.
A TV Centro América teve acesso ao relatório da perícia. O aparelho foi apreendido na operação Esdras, quando Jarbas foi preso por suposta tentativa de atrapalhar as investigações sobre as escutas clandestinas.
O relatório aponta articulações políticas, que ele trazia para si a responsabilidade de dar suporte ao grupo político para blindar o governo, tentativas de atrapalhar a investigação sobre as interceptações ilegais e uso do cargo de secretário.
A Polícia Militar grampeou, com autorização judicial, mais de 100 pessoas que não eram suspeitas de crime em 2014 e 2015. Os alvos foram políticos, jornalistas, advogados, médicos, entre outros.
A reportagem tentou contato com a defesa do ex-delegado e ex-secretário de Segurança Pública, Rogers Jarbas, mas as ligações não foram atendidas. Paulo Taques informou que não reconhece o documento e não sabe se é autêntico e que, por isso, não vai se manifestar sobre o caso.
Em um dos grupos, chamado ‘Sem Arapongagem’, os membros trocam mensagens a respeito das investigações contra secretários nos grampos e comentam as notícias divulgadas à época.
O então secretário da Casa Civil de Mato Grosso, José Adolpho Vieira, enviou uma mensagem sugerindo que seja ‘feita uma estratégia em conjunto, pois, segundo ele “todos lutando em frentes separadas, não está dando certo, que está falando isso desde o começo”.
Vieira é investigado por suposta participação na fraude do protocolo do ofício que denunciou um esquema de grampos clandestinos no governo estado.
Kleber Lima, então secretário de Comunicação, confirma que “está dentro. Kleber Lima é investigado por cometer assédio moral contra servidores do Gabinete de Comunicação do Estado (Gcom-MT) e acusado de assediar moralmente e sexualmente os servidores.
Já Jarbas envia mensagem dizendo que o “silêncio da verdade fortalece a mentira”.
O governador na época, Pedro Taques, também comenta outra matéria divulgada na imprensa onde há uma crítica do desembargador Orlando Perri contra o Ministério Público de Mato Grosso por não ter denunciado um dos secretários denunciados.
Para o ex-governador, o MP não faria nada porque ‘são medrosos’, segundo trecho da mensagem atribuída a ele.
Na tentativa de abafar o caso ou desviar o foco da denúncia dos grampos, os membros dos grupos falam em provocar associações e citam formas de provocar os órgãos de investigação.
Fonte: G1 MT