Seguidores de Sadr se preparam para longa sessão no parlamento do Iraque
Apoiadores do líder populista iraquiano Moqtada al-Sadr ergueram tendas e se prepararam para um protesto sem fim no Parlamento iraquiano neste domingo, em uma medida que pode prolongar o impasse político ou mergulhar o país em uma nova violência.
Milhares de partidários do clérigo muçulmano xiita invadiram a fortificada Zona Verde em Bagdá no sábado (30), assumindo o prédio vazio do parlamento pela segunda vez em uma semana, enquanto seus rivais xiitas, a maioria deles próximos ao Irã, tentam formar um governo.
“Vamos ficar até que nossas demandas sejam atendidas. E temos muitas demandas”, disse um membro da equipe política de Sadr à Reuters por telefone, falando sob condição de anonimato porque não tem permissão para dar declarações à mídia.
O Movimento Sadrista sócio-político de Sadr está exigindo que o parlamento seja dissolvido e que novas eleições sejam realizadas e que os juízes federais sejam substituídos, disse o oficial sadrista.
O Movimento Sadrista ficou em primeiro lugar nas eleições de outubro como o maior partido no parlamento, com cerca de um quarto de seus 329 membros.
Os partidos alinhados ao Irã sofreram pesadas perdas nas urnas, com exceção do ex-primeiro-ministro Nouri al-Maliki, arquirrival de Sadr.
Contudo, Sadr não conseguiu formar um governo livre desses partidos, cercado por oposição suficiente no parlamento e decisões de tribunais federais que o impediram de escolher presidente e primeiro-ministro.
Ele retirou seus legisladores do parlamento em protestos e desde então tem usado suas massas de seguidores xiitas em sua maioria empobrecidos para agitar através de protestos de rua.
O impasse marca a maior crise do Iraque em anos. Em 2017, as forças iraquianas, juntamente com uma coalizão liderada pelos EUA e apoio militar iraniano, derrotaram o grupo extremista muçulmano sunita Estado Islâmico que havia conquistado um terço do Iraque.
Dois anos depois, iraquianos que sofrem com a falta de empregos e serviços foram às ruas exigindo o fim da corrupção, novas eleições e a remoção de todos os partidos – especialmente os poderosos grupos xiitas – que governam o país desde o governo liderado pelos EUA – invasão que derrubou Saddam Hussein em 2003.
Forças governamentais e milicianos xiitas mataram a tiros centenas de manifestantes.
Sadr continua aproveitando a onda de oposição popular a seus rivais apoiados pelo Irã, dizendo que eles são corruptos e servem aos interesses de Teerã, não de Bagdá.
O clérigo mercurial, no entanto, mantém um controle firme sobre grandes partes do estado, e seu Movimento Sadrista há muito administra alguns dos departamentos governamentais mais corruptos e disfuncionais.
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Fonte CNN Brasil