“Era muito pequeninha”, diz mulher que encontrou menina em portão
A mulher que encontrou uma criança de apenas 2 anos em frente de casa no bairro Jardim Columbia, sozinha e sem documentos, confessa que ficou com medo quando se deu conta do que estava acontecendo. “Você pensa tudo, do sobrenatural ao criminoso”, diz.

Ela, que preferiu não ser identificada, relembra que estava em casa, na madrugada de sábado (23), quando percebeu um barulho no portão e achou que era a filha voltando de uma festa. Como ela não entrou em casa, resolveu conferir a garagem e viu que a menininha, de aproximadamente 2 anos, estava com as mãozinhas no portão. “Era muito pequenininha”, ressalta.
Muito assustada, a mulher ficou com medo de abrir o portão e ser uma espécie de armadilha para assalto. Resolveu entrar, ligou para a filha e, em seguida, para a polícia, que a orientou a permanecer em casa e aguardar os oficiais.
“Ela estava calma até. Eu perguntava, ‘cadê a mamãe’ e ela repetia, ‘mamãe, mamãe’. Deu para perceber que em determinado momento ela dormiu, ela ficava muito quietinha e a cabecinha tombava. Ela ficou o tempo todo com o joelhinho dobrado, apoiada de cócoras, só resmungava. Pensei que fosse um assalto, alguma coisa, mas depois percebi que uma criança não ficaria tanto tempo assim, mesmo ensinada. Ela ficou muito tempo sem se mexer, não fazia menção de levantar. Passavam carros, mas ninguém parava”, relembra.

A viatura, segundo ela, não demorou, mas o tempo parecia uma eternidade. “Quando chegou, eu sai junto e vi. Se ela tiver muito, tem 2 anos, porque ela não falava, não sabia falar, estava limpa, só com o cabelo bagunçadinho. Ela também calçava uma sandalinha, moletom, calça com blusa. Mãozinha estava limpa, só o rostinho sujo, porque escorreu do narizinho”, frisa.
Segundo a mulher, ela acha que alguém vestiu a menina, até porque a sandália não seria fácil de colocar.
Investigação
A polícia foi até a casa e resgatou a criança. O boletim de ocorrência foi registrado como abandono de incapaz na Depac/Centro (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário). De acordo com a polícia, até as 10 horas da manhã deste sábado (22), não havia informação sobre familiares ou a identificação da criança.
“Por enquanto, nenhuma informação. A criança tem apenas dois anos, não conseguiu nos passar nenhuma informação que possibilitasse a identificação dos pais ou de algum responsável. A primeira preocupação é a proteção da criança. Ela é encaminhada para um abrigo, onde ela vai receber todos os cuidados e, a partir daí então, começa uma investigação pela DEPCA [Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente] pra tentar identificar os responsáveis legais por ela”, explicou a delegada Joilce Ramos.
Os pais, caso fique comprovado, podem responder pelo crime de abandono de incapaz. “Apesar deles não terem sido presos em flagrante, existe a possibilidade da representação pela prisão preventiva. Principalmente, dependendo dos antecedentes desses responsáveis. O crime de abandono de incapaz é de 3 meses a 3 anos. Mas, se nesse período em que a criança ficou desprotegida, ela sofre alguma lesão, essa pena aumenta para 1 a 5 anos de prisão”, frisa.
A menina foi encaminhada a conselheira tutelar da região norte de Campo Grande e a uma Unidade de Acolhimento da Criança.
Cotidiano
Mato Grosso do Sul
Fonte Primeira Página