Colheita da soja avança, mas excesso de chuvas causa transtornos em MT
Nos municípios de Primavera do Leste e Paranatinga, o excesso de umidade já compromete a qualidade dos grãos
A colheita da soja chegou a 60% da área total em Mato Grosso. Apesar do ritmo superar a média das últimas cinco safras, muitos agricultores estão com dificuldade de avançar com as máquinas no campo, por causa das chuvas. É o caso do “seo” Ari Ferrari. Com o tempo fechado e o solo encharcado, o agricultor não consegue dar sequência à colheita da lavoura. Mais da metade da área está pronta no campo. Alguns talhões já passam do ponto de colheita. “Ela já está pronta há dez dias, já tem bastante soja apodrecendo. Todo dia chove três vezes por dia, aqui já foram 1.400 milímetros”, comenta.
Ele só conseguiu colher 20% dos 2,5 mil hectares que cultivou na fazenda em Primavera do Leste-MT. Além de comprometer os trabalhos, o excesso de água coloca em risco a rentabilidade da safra. “Com 25%, com 28% de umidade, o que a máquina consegue debulhar nós colhemos, mas é muito pouco. Eu já te falo que se não der para colher até esta segunda-feira (14), vai ter uma perda de uns 30%. O nosso lucro esperado (no início da safra) é de 20%. Ou seja, se perder 30% já vai faltar”, calcula o produtor que desabafa: “uma soja que prometia tanto, estava bonita… quando a gente vê apodrecendo no pé a gente fica bem aborrecido. Mas nós temos que colher pra pagar as contas, pelo menos um pouco”, pontua.
Na propriedade do Carlinhos Rodrigues, em Paranatinga-MT, a estratégia para tentar retirar os grãos do campo foi aumentar a capacidade de colheita pedindo máquinas emprestadas para os vizinhos. Mesmo assim a alta umidade tem impedido o avanço dos trabalhos de campo. “Faz alguns dias que a gente não vê um dia inteiro de sol. Todo dia tem chovido. Chega fim de tarde, logo após o almoço, quando você pensa em se animar em colher a chuva vem e está acarretando no atraso pelo excesso de umidade. Temos áreas que está pronta há 8 dias pra ser colhida e mesmo com todo esse aumento de capacidade de colheita, está complicado, está difícil”, reforça.
Com 40% da área colhida, o agricultor diz que o atraso pelo excesso de água na lavoura já coloca em risco a qualidade dos grãos em alguns talhões. “A gente imaginava que teria uma colheita mais tranquila por ter tido um ano bastante chuvoso e não é o que está acontecendo. A gente está tendo bastante problema nessa colheita inicial, já com grãos ardidos excesso de umidade e já está gerando perdas nesse sentido e atraso no plantio do milho”, fala.
A preocupação se estende por Paranatinga, que cultivou mais de 330 mil hectares de soja nesta temporada. Como explica o produtor Thomas Paschoal, que é diretor do Sindicato Rural do município. “Nós temos uns 15% da área colhida apenas. E esse primeiro que foi colhido ela já não surpreendeu porque pegou muita chuva e não deu a produtividade esperada. Isso é preocupante porque ainda vamos entrar no período mais chuvoso (na região) que é entre o final de fevereiro e começo de março. É preocupante”, conclui.
Fonte: Canal Rural