Modelo de Itapetininga denuncia racismo em agência após funcionário sugerir diminuir volume de cabelo: ‘Não dá para colocar chapéu nem boné’

Jovem de 27 anos de Itapetininga (SP) recebeu mensagem depois que se disponibilizou para uma vaga de recepcionista de evento em um restaurante em SP. Ela compartilhou o caso nas redes sociais

Modelo de Itapetininga denuncia racismo em agência após funcionário sugerir diminuir volume de cabelo — Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

Uma modelo negra de Itapetininga (SP), de 27 anos, denunciou um caso de racismo nas redes sociais depois que recebeu um áudio do responsável pela seleção de modelos de uma agência durante uma conversa para uma oportunidade de trabalho em São Paulo.

No áudio divulgado pela jovem, o funcionário da agência diz que Bruna Campos seria perfeita para o trabalho como recepcionista de um evento em um restaurante da capital. No entanto, ele questiona o que ela poderia fazer para diminuir o volume do cabelo. 

O G1 tenta localizar o funcionário da agência para obter um posicionamento.

“Você é perfeita, só que o que você consegue fazer nesse cabelo para ele diminuir um pouco o volume, o tamanho. Você entende minha pergunta? É porque não dá para colocar chapéu nem boné”, disse o homem no áudio.

“É lindo seu cabelo, combina com você, tudo certo, mas eu estou vendo para aquela casa, entendeu? Horário de almoço, de dia, a gente precisa ter alguma coisa mais discreta”, afirmou ainda.

A situação ocorreu na quarta-feira (9). Bruna contou ao G1 que recebeu a notícia sobre a vaga pelo WhatsApp e mandou mensagem para a mulher que faria o processo seletivo. Depois, o funcionário que contrata recepcionistas para trabalhar em vários eventos, a chamou para conversar.

“Ele entrou em contato comigo pedindo fotos, perguntando minha altura, se eu teria disponibilidade para o trabalho, e foi quando ele perguntou do meu cabelo”, lembra Bruna.

Na conversa pelo WhatsApp, o homem ainda comenta que “o seu cabelo chama muita atenção” e Bruna responde: “meu cabelo é afro”.

Modelo de Itapetininga denunciou racismo após mensagem de funcionário de agência no WhatsApp — Foto: WhatsApp/Reprodução
 Foto: WhatsApp/Reprodução

Segundo a modelo, que também está no último ano da faculdade de fisioterapia em Sorocaba (SP), ao receber o áudio, ela reconheceu a mensagem como uma fala racista e começou a chorar.

“Eu não tive reação. A gente acha que está preparado para esse tipo de situação, mas é como se tivesse mexido na ferida. Eu comecei a chorar, não consegui responder. Só falei que esse era meu cabelo.”

Depois da resposta da jovem, Bruna disse que o homem a avisou que “qualquer coisa, entraria em contato”.

Divulgação na web

Bruna, de Itapetininga, fez stories no Instagram para falar sobre racismo  — Foto: Instagram/Reprodução
 Foto: Instagram/Reprodução

A jovem explicou, nas redes sociais, que decidiu tornar o caso público para mostrar que ainda existe racismo na sociedade. Para a estudante, que tem mais de 8 mil seguidores no Instagram, o questionamento do funcionário foi racista pela maneira como o ele falou sobre o cabelo dela.

“A maneira que ele se expressa sem um pingo de empatia. Qual a dificuldade de falar: ‘a gente gostou do seu perfil, mas teria problema de você colocar uma touca por ser restaurante?’ […] mas foi totalmente ao contrário e foi o que me surpreendeu”, contou nas redes sociais.

O áudio divulgado por Bruna foi compartilhado por outras páginas nas redes sociais e, em uma delas, teve mais de 78 mil curtidas. A cantora Vanessa da Mata, e os ex-bbbs Rízia Cerqueira e João Pedrosa também comentaram a publicação com mensagens de apoio.

“Já vi tanto isso! ‘Afe’ e quantos salões falavam isso? Que ódio”, comentou a cantora. “Já passei tanto por isso que não tenho mais um pingo de forças pra debater sobre”, disse a ex-bbb Rízia.

Jovem de Itapetininga denunciou racismo na web após áudio de funcionário de agência — Foto: Arquivo pessoal
 Foto: Arquivo pessoal

Bruna também disse que não teve o objetivo de difamar a agência com a ação e, por isso, não divulgou o nome do funcionário e nem do restaurante para o qual iria trabalhar.

Agora, a estudante informou que não trabalharia para essa agência mesmo que fosse contratada. Também disse que ainda não pretende registrar um boletim de ocorrência ou tomar alguma medida jurídica sobre o caso.

“Eu não quero citar nomes porque vão querer que eu denuncie, que eu abra BO, que eu entre na Justiça, mas não é o que eu quero. Eu só quero que a sociedade nos respeite, tenha um pouco de empatia com nós negros.”

Bruna Campos é de Itapetininga (SP) e faz faculdade de fisioterapia em Sorocaba — Foto: Arquivo pessoal
 Foto: Arquivo pessoal

Fonte: G1

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