Homem envolvido na troca de tiros que atingiu e matou menino de 13 anos é julgado, em Cascavel
Menino morreu em 2017 após ser atingido por bala perdida em um ponto de ônibus. Réu responde pela morte do homem que atirou no adolescente, com quem tinha discutido antes da troca de tiros
Um dos dois homens envolvidos na troca de tiros que resultou na morte de um menino de 13 anos em 2017, em Cascavel, no oeste do Paraná, está sendo julgado nesta terça-feira (25), no auditório da Universidade Paranaense (Unipar).
Oziel Teixeira de Brito é acusado de assassinar Valdenilson Rinaldi, que foi quem atirou na criança durante a discussão entre os dois. A bala perdida atingiu Santhiago Luna Souza Leite, que esperava a mãe em um ponto de ônibus.
De acordo com a acusação, mensagens de áudio e texto no celular de Oziel mostram que a morte de Valdenilson foi planejada e que teria acontecido por desacertos em um negócio de cigarros contrabandeados.
O assassinato de Santhiago Luna foi considerado pela Justiça como responsabilidade de Valdenilson, por isso, Oziel é acusado apenas pela morte do colega, pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe.
O juri contou com 25 candidatos e sete deles foram escolhidos, sendo quatro homens e três mulheres. A expectativa é de que a decisão dos jurados seja divulgada ainda nesta terça-feira.
No período da manhã, o acusado decidiu usar o direito de permanecer em silêncio e não respondeu as perguntas do interrogatório.
Durante a tarde, o Ministério Público e o advogado de defesa tem 1h30 para apresentação dos argumentos sobre o caso para os jurados.
A RPC tentou contato com a defesa de Oziel, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.
Relembre o caso
Santhiago Luna Souza Leite estava em um ponto de ônibus, junto com o irmão mais novo, em 9 de maio de 2017, no Bairro Canadá, em Cascavel.
Os dois aguardavam a mãe chegar do trabalho quando começou uma discussão em um bar, há poucos metros dali.
A briga entre dois contrabandistas acabou em uma troca de tiros. No meio do tiroteio, uma bala perdida acabou atingindo a cabeça do menino. Ele não resistiu e morreu no hospital uma semana depois.
Segundo a polícia, o tiro que matou Santhiago saiu da arma de Valdenilson, que também morreu.
Santhiago era estudante do Colégio Júlia Wanderley, gostava de desenhar e sonhava em ser médico.
Em 2017, a RPC conversou com a mãe e o irmão dele para uma série de reportagens.
“Às vezes eu tenho que olhar fotos ou ver os vídeos dançando com ele, jogando bola pra conseguir aceitar o que aconteceu, porque se eu não ver essas coisas, eu só lembro dele sangrando na calçada. Eu não quero lembrar daquilo. É difícil, né? Morrer, pagar conta de outras pessoas, sem dever, não é? Já se diz o nome [bala] perdida, mas nada é perdido, né? Sempre tem a culpa de alguém, de alguém que provocou e chegou na pessoa errada, é só isso, mas perdido não é”, disse a mãe do menino.
Fonte: G1