Ciclistas se multiplicam nas ruas de Cuiabá na pandemia em busca de exercício físico e economia com combustível
Ciclismo se tornou alternativa de prática de exercícios após o fechamento de academias para evitar aglomeração. Vendas de bicicletas dobraram em algumas lojas
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Em busca da econômica e ecologia, a bicicleta tem ganhado as ruas, principalmente por causa do alto preço dos combustíveis. O meio de transporte alternativo proporciona uma vida mais saudável a partir da prática de exercícios físicos.
Na pandemia da Covid-19, o número de interessados por ciclismo aumentou. Sávio Albuquerque, de 45 anos, que coordena um grupo de trilhas e passeios em bicicletas em Cuiabá, disse que, com o fechamento de academias em cumprimento às medidas restritivas, muitas pessoas passaram a adotar o ciclismo como forma de atividade física e lazer.
“Logo depois do início da pandemia, quando começou a liberar, o pessoal começou a pedalar. Com o fechamento dos parques e das academias o pessoal veio em peso para o ciclismo e ocorreu um ‘boom’ em todos os grupos. Muitos grupos novos menores, composto por 10 a 30 ciclistas, também surgiram”, disse.
Sávio deixou a profissão de empresário e hoje trabalha exclusivamente com trilhas e passeios para ciclistas iniciantes e avançados. Ele orienta os clientes com dicas e os acompanha ao longo do percurso.
“A maior procura foi pela saúde, estresse, ganho de peso e a sensação de liberdade, pois é uma atividade ao ar livre com sol, sem necessidade de estar em contato próximo ou direto com risco de contaminação”, contou.
Para evitar aglomerações, ele reúne, por vez, grupos de no máximo dez pessoas.
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Na pandemia, a procura pelas trilhas foi maior, principalmente por crianças, já que as aulas presenciais foram suspensas. “Alguns pais que estão mandando os filhos para praticar o ciclismo comigo para que as crianças se exercitem e aliviem a tensão de estar sem aulas presenciais”, disse.
A alta no preço dos combustíveis também contribuiu para o aumento no número de ciclistas. O assistente de compras Luan Penha, por exemplo, trocou o carro pela bicicleta para economizar. Desde o começo deste ano, ele se desloca de bicicleta de casa para o trabalho, que totaliza um percurso de 10 km.
A mudança já foi sentida no bolso. Antes, ele gastava em média R$ 400 em combustível e com a bicicleta esse gasto não existe mais.
“Tive alguns motivos para mudar, entre eles a questão financeira, saúde e tempo. Gasto quase o mesmo tempo de quando ia de carro, porque tem muito trânsito e de ônibus demora muito mais. De bike gasto em média 30 minutos e de ônibus, 1 hora e 30 minutos”, explicou.
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São inúmeros benefícios que a utilização do modal traz. Com a queima do combustível, os veículos emitem dióxido de carbono (CO2) no ambiente, o que prejudica a saúde da população e a camada de ozônio.
O CO2 pode ocasionar doenças respiratórias que podem se agravar com o tempo. Milhares de carros pelas ruas das cidades liberam uma grande quantidade de poluentes gerando o efeito estufa.
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Inspiração
Willians Simi Neto parou de ir para o trabalho de carro há seis anos e, ao ver o esforço dele, a mulher também deixou de utilizar há dois anos. Willians conta que o trânsito é um dos principais motivos que fez ele mudar o meio de transporte.
“Um dos principais motivos foi o trânsito, principalmente. De bicicleta é mais rápido e econômico. São R$ 200 por semana de combustível só para ir e voltar do trabalho (se for de carro)”, afirma.
Wilians mora em Várzea Grande em uma chácara, que fica a 19 km do trabalho, e todos os dias faz o mesmo percurso de bicicleta. Além disso, ele é cicloturista – ciclistas intermediários que fazem viagens e trilhas de bicicleta – e presidente de um grupo que faz viagens de bicicleta.
O ciclista conta que a viagem mais longa foi de Cuiabá até Brasília e durou aproximadamente cinco dias. Ele também viajou para vários municípios de Mato Grosso, entre eles Alta Floresta, Sapezal, Chapada dos Guimarães e Vila Bela da Santíssima Trindade.
Willians percorreu de bicicleta a Rodovia Transpantaneira, em Poconé, que dá acesso ao Pantanal, e passou pela terra indígena Utiariti, do povo Haliti Paresi.
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Poucas ciclovias
Em Cuiabá, a dificuldade dos ciclistas é porque há poucos quilômetros de ciclovia construídos no município. Até há pouco tempo não tinha ciclovias e nem ciclofaixas na capital.
Em 2017, a Secretaria de Mobilidade Urbana inaugurou 33,8 km de ciclovias e 6 km de ciclofaixas.
E, em 2018, esse número aumentou para 39,9 km. Mais vias exclusivas para bicicletas foram instaladas nas principais avenidas da capital, como na Avenida das Torres, Avenida Miguel Sutil, Enéas Cardoso Filho, no CPA III e na Moinho.
Neste ano foram inaugurados cerca de 57 km de ciclofaixas, incluindo parques e rodovias.
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Vendas de bicicletas
Uma loja de bicicletas e equipamentos, localizada em Cuiabá, teve aumento de 100% nas vendas, desde o início da pandemia da Covid-19. O vendedor Leandro Gomes conta que 2020 foi o melhor ano para vendas nesse seguimento.
“Na pandemia houve um estouro nas vendas. Muita gente comprando bicicletas, faltaram mercadorias. Em 2020 foi o melhor ano para vendas de bike e para as pessoas que mexem com ciclismo”, afirmou.
Com o aumento na procura, os preços das bicicletas e de peças também subiram 75%.
Em outra loja, o proprietário Flavio Kurak Kokura disse que houve aumento de 50% nas vendas de bicicletas e de 100% no valor das peças.
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Quanto custa se tornar um ciclista?
As bicicletas possuem tamanhos e valores para cada funcionalidade. Uma bicicleta para andar nas ruas, fazer trilhas e ir para o trabalho possuem valores mais altos devido à resistência.
Já as bicicletas para passeio podem ter cestas ou não e são utilizadas para atividades físicas e passeios. As bicicletas infantis são mais baratas devido ao tamanho.
Uma bicicleta adequada para se deslocar até o trabalho custa cerca de R$ 1.850. Ainda são necessários os equipamentos exigidos pelo Código de Trânsito Brasileiro, como o pisca que custa em torno de R$ 25; o farol dianteiro, cujo preço médio é de R$ 95, e o capacete, que custa cerca de R$ 100.
As bicicletas de passeio custam aproximadamente R$ 850. Essas bikes são feitas para andar em parques e para praticar atividades físicas, mas não é recomendada para percursos mais longos, porque podem quebrar com mais facilidade.
As bicicletas infantis de passeio para crianças, de um a três anos, custam no mínimo R$ 230. Para crianças de 3 a 7 anos, o valor sobe um pouco para R$ 550 e as para crianças com idades entre 7 a 16 anos custam aproximadamente R$ 650.
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Regras
De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, as bicicletas devem circular nas ciclovias e ciclofaixas. Se não houver faixas exclusivas, o ciclista deve pedalar no canto da rua, perto da calçada para evitar acidentes. Não é permitido andar de bicicleta na calçada. É recomendado que o ciclista desça e empurre até o lugar adequado para o uso.
Além disso, é necessário que o ciclista não ande na contramão, porque, se algum pedestre observar apenas o fluxo dos carros ao atravessar a rua e a bicicleta estiver no sentido contrário, pode acontecer algum acidente.
A multa para ciclistas que for flagrado andando fora das áreas determinadas é de R$ 130,16.
O Código de Trânsito não exige o uso de capacete de forma obrigatória, mas a bicicleta deve ter campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral, nos pedais, e espelho retrovisor do lado esquerdo.
Esses materiais permitem que motoristas de veículos consigam ver os ciclistas à noite e não provoquem acidentes.
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‘Pedal Semob’
A Secretaria de Mobilidade Urbana de Cuiabá tem um projeto para o incentivo ao ciclismo. No entanto, por causa da pandemia, o ‘Pedal Semob’ está suspenso.
O projeto funcionava às terças-feiras e contava com a participação de 350 pessoas e, às quintas, com a participação de 150 pessoas.
A atividade conta com uniforme oficial e, para participar, basta que os interessados compareçam ao local de partida com suas bicicletas, equipamentos de segurança e disposição para pedalar e conhecer a capital e suas belezas noturnas.
Fonte: G1 MT